“Eu não sou especial.” Tendo a repetir isso todos os dias como um mantra para mim mesmo. O terno é pura estética, talvez eu fique mais “apresentável”, mas não me torna especial, porque aqui dentro, eu sei que sou só um cara falho que erro mais do que acerto, que perco mais do que ganho. Eu sei! É claríssimo tudo isso. E o que eu faço diante deste cenário? Ora, como sei que não sou especial, eu continuo. É o que me resta: não ficar parado diante do meu fracasso.
E por que deste meu ato de repudiar o delírio narcísico do “eu sou especial”, do “só eu me basto”, do “eu não preciso mudar por causa de ninguém”? A resposta já está na pergunta. É um delírio. Qualquer um que caia nesta narrativa, torna-se fraco, pois está “construindo” uma personalidade de plástico, que irá ceder, que irá desistir, que irá desesperar-se ante qualquer adversidade da vida. E quanto mais a pessoa insiste nesta ideia de achar-se especial, de amar-se acima de tudo, mais ela tende a terminar na solidão, lambendo suas próprias feridas. E, sinceramente, eu não desejo isso para ninguém.
O amor-próprio é vendido como uma fórmula mágica aqui na internet, onde basta eu me amar e pronto! “Agora minha vida vai melhorar.” Não existe amor próprio em uma alma inerte e apática que se acha especial no universo. Por isso enfatizo há tempos por aqui: o amor-próprio deve ser construído em si mesmo. É esforço diário. Você não é especial, você não nasceu pronto, você deve ser construído dia após dia. Acreditar nesse discurso vazio do “Eu não preciso mudar para agradar ninguém, pois eu me amo muito” serve apenas para encher o seu ego, serve apenas para você usar como desculpas para continuar sendo insuportável e preguiçoso, serve apenas para mascarar seus erros e suas inseguranças.
Se você se acha especial, duvido que tenha lido este texto até o final. Mas, para você que chegou até aqui e não se acha especial, obrigado.
Ótimo texto. Obrigado
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Eu que agradeço.
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