“Eu procuro dizer o que sinto e o que penso. Isso é muito duro. O sujeito ter um mínimo de autenticidade. É preciso todo um esforço, toda uma disciplina, todo um ascetismo, toda uma paciência beneditina porque nós somos falsários.” Nelson Rodrigues

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E por que vazio? Você já passou pela experiência de dar vazão aos seus impulsos descontroladamente? Perceba, meu bom leitor, que ao deixarmos o nosso desejo primitivo tomar as rédeas de nossa vida, acabaremos em algo que o catolicismo denominou de “pecados”. “Ah, Guilherme, pare de bobagem! Pecados? Isso é muito retrógrado.”

É retrógrado, mas é um conhecimento verdadeiro, e é isso o que importa. Em qualquer tempo, em qualquer sociedade que ascendera, houve algo chamado “sacrifício”. Os homens perceberam que ao sacrificar algumas coisas no presente, poderiam ter uma vida melhor no futuro. O problema na questão do sacrifício é o fato de que ele é um esforço da inteligência humana, ou seja, não é fácil sacrificar. A curto prazo, o fácil encontra-se no prazer imediato. Por que vou estudar algo se meu corpo deseja ficar aqui no sofá poupando energia na preguiça? Por que vou me alimentar melhor se minha vontade é comer tudo que posso? Por que vou poupar meu dinheiro se posso morrer amanhã? Por que vou ser fiel a uma mulher se meu desejo sexual é disperso por várias fêmeas?

Se você não está aqui para sacrificar algo, para que diabos você está aqui? Pensando cá com meus botões, percebo que grande parte das coisas valorosas de nossa vida, são conquistadas pelo sacrifício, e é justamente este sacrifício que preenche um pouco de nosso vazio existencial. “Então você está dizendo que precisamos viver apenas de sacrifícios e não aproveitarmos nada da vida?” Não, pois o futuro chega para quem sacrifica e para quem não sacrifica. O âmago desta questão se encontra na recompensa: se você faz suas responsabilidades, resolve seus problemas, gera valor para a sua vida e para os seus, a recompensa é algo merecida, e quando ela chega, você a degusta bravamente, pois tem a ciência do valor que há em todo este processo. Porém, quando você só vive apenas de recompensas sem fazer algo para merecê-las, você degrada o seu ser, você se torna abjeto, você passa a não enxergar valor em mais nada, se torna um relativista/niilista em todos os sentidos. Esse caminho o levará a um vazio existencial ainda maior, o fazendo ir tão fundo em usas sombras, no qual a fé e a esperança muitas vezes não dão as caras.

8 respostas para “Se você não está aqui para sacrificar algo, para que diabos você está aqui?”.

  1. Avatar de fagulhadeideias
    fagulhadeideias

    Bela reflexão.

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  2. Avatar de Matheus Maestri David

    Sabe, isso me fez relembrar o que entendo sobre relacionamento. Renúncia.

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  3. Avatar de mathauswoerle

    Há uma reflezaxão ótima no volume III da sumo ateológica de Bataille, ele cria uma grande imagem sobre a comunicação instaurada na crucificação de cristo. Seria bom para ter junto com a sua reflexão.

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    1. Avatar de Guilherme Angra

      Obrigado pela referência.

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  4. Avatar de Carlos Mir
    Carlos Mir

    Um livro que trata sobre essa questão é A guerra da Arte de Steven Pressfield, e achei interessante o nome que ele coloca para a luta entre o beneficio em curto prazo e saber que teríamos uma recompensa maior no longo prazo, a resistência. A palavra descreve bem o que combatemos através do sacrifício da satisfação imediata.

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    1. Avatar de Guilherme Angra

      Obrigado pela referência! Abraço.

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  5. Avatar de Carlos Mir
    Carlos Mir

    Abraços.

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